A difícil tarefa de liderar uma central de negócios

A difícil tarefa de liderar uma central de negócios

A difícil tarefa de liderar uma central de negócios requer do líder novas competências que vão muito além da simples transposição das práticas que ele utiliza na sua empresa para a central de negócios. 

Num diálogo recente com o Gerente de Comércio e Serviços do SEBRAE-RS, Fabiano Zortéa,  ele me indagou qual é a principal dificuldade da central de negócios em se consolidar e gerar competitividade para seus associados.

Não titubeei em apontar as lideranças como um dos fatores críticos para chegar ao sucesso.

Sem dúvida as centrais de negócios são alternativas viáveis para a sobrevivência e crescimento das PMEs.  No entanto, apesar dos inúmeros estudos acadêmicos sobre este tipo de arranjo produtivo,  dedicou-se pouca atenção às lideranças nessas organizações.

É por isso que dirigir organizações complexas, como as centrais de negócios, requer do líder novas competências que vão muito além da simples transposição das práticas que ele utiliza na sua empresa para a central de negócios.

 

3 aspectos para liderar uma central de negócios

Destaco três aspectos relevantes que o líder deve levar em conta ao assumir a direção de uma central de negócios:

 

1. Entender a diferença entre a gestão tradicional e a gestão de rede

As centrais de negócios são compostas por um conjunto de empresas independentes que atuam solidariamente para atingir um objetivo comum.  O princípio da gestão nas empresas está baseado no senso de propriedade e de hierarquia (superioridade e subordinação). Enquanto que nas redes a autoridade dá lugar à influência, o comando dá à negociação.

Outro aspecto relevante é o objetivo da gestão. Enquanto que nas empresas individuais o principal objetivo é o lucro do proprietário, nas centrais de negócios ele está centrado nos ganhos coletivos. A central é um instrumento a serviço dos associados e que pode proporcionar-lhes a lucratividade.

2. Função e perfil do líder

Além de tomar decisões convencionais que envolvem as funções clássicas da administração – planejamento, organização, direção e controle – ele deve dominar as especificidades da gestão da rede como: coordenação de empresas interdependentes, controle das práticas compartilhadas, avaliação dos resultados coletivos, grau de adesão às normas e regulamentos.

Por isso, o líder deve ser um administrador com comprovada capacidade técnica, gerencial para acomodar diferentes interesses, realizar ações cooperativas e construir relacionamentos sólidos com os associados, funcionários e comunidade.

Porém, ele não pode ser avesso ao risco de cobrar o cumprimento dos estatutos e regulamentos dos seus pares, sob pena de não gerar valor para os associados.

3. Preparar o sucessor para liderar a central de negócios

Nas empresas individuais o foco é a eficiência operacional. O processo sucessório ocorre poucas vezes ao longo do ciclo de vida da organização. A central de negócios lida com fenômenos sociais, políticos, econômicos  e técnicos.

Os fenômenos sociais e políticos são muito intensos e constantes, pois a cada decisão é necessário negociar posições em busca do consenso para garantir o maior grau de  aderência possível.

Periodicamente ocorrem eleições para renovação das diretorias. Apesar de ser uma prática democrática salutar, a alternância de poder pode colocar a rede em risco, se forem eleitas lideranças despreparadas ou descomprometidas com os princípios da cooperação.

Por isso, uma das principais funções do líder nas centrais de negócios é preparar novas lideranças, em especial o seu sucessor. Para isto é necessário investir constantemente na educação para a cooperação.

A utilização dos princípios do associativismo como base filosófica, requer que o líder compreenda a complexidade da gestão e esteja preparado para conduzir o processo decisório baseado nos princípios democráticos.

Eles pressupõem a participação dos associados e a sobreposição dos interesses coletivos aos individuais, mesmo que sejam os do próprio líder.

 

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