Solução para a tragédia dos micro e pequenos negócios: cooperação

 

Cooperar através das centrais de negócios é uma estratégia inteligente para fazer frente à dominação das megaorganizações. Na verdade, se configura como a solução para combater a tragédia dos micro e pequenos negócios. O enfraquecimento da livre concorrência ocorreu em razão da rápida alteração no ambiente de negócios e da fragilidade financeira e gerencial destes empreendimentos.

Definitivamente, é chegada a hora dos pequenos e médios empreendedores assumirem o protagonismo de suas histórias. Ou seja, tomarem, em suas mãos, o seu destino.

Isso porque, além da tragédia dos mais de 130 mil mortos em decorrência da Covid-19 no Brasil, há um outro drama menos visível. E, por isso mesmo, pouco discutido. Trata-se da desorganização de algumas cadeias produtivas e do desaparecimento de milhares de pequenos negócios.

O que justifica a reflexão sobre a solução para a tragédia dos micro e pequenos negócios e a coloca como tema de urgência.

 

Solução para a tragédia dos micro e pequenos negócios: uma questão social

Justamente os micro e pequenos negócios são os maiores empregadores do país. São os responsáveis por acolher especialmente trabalhadores de baixa qualificação profissional, grupo que representa a maioria da população brasileira economicamente ativa.

O governo federal anunciou medidas para financiar a folha de pagamento dessas empresas e flexibilizar os contratos de trabalho. Reconhece-se o caráter positivo dessas ações. No entanto, não deixam de ser medidas emergenciais.

Isto é, no médio prazo não irão evitar a acentuada fragilização e a falência de parte expressiva desses empreendimentos. Então, como driblar a crise? Em outras palavras, qual a solução para a tragédia dos micro e pequenos negócios?

Como mencionado anteriormente, a prática da cooperação empresarial é uma estratégia inteligente, utilizada em diversos países. Além de fortalecer os micro e pequenos negócios, ela estimula o empreendedorismo e aumenta a sua competitividade.

Ainda, promove a circulação de riquezas e o desenvolvimento econômico e social nas localidades onde estão estabelecidos os negócios. Bem como, geram empregos e renda para as camadas mais vulneráveis da população. Saiba mais sobre centrais de negócios e cooperação empresarial.

Assim, diante desse cenário gerado pela pandemia no Brasil, necessitamos de políticas mais robustas. Também, de uma legislação que incentive e facilite a cooperação empresarial. Mas – ressaltamos – os pequenos e médios empreendedores precisam participar dessa luta e defender os seus interesses.

As lideranças das centrais de negócios e de compras, dos sindicatos e associações empresariais, e, claro, das cooperativas, devem promover a cooperação entre seus associados e nas comunidades. Afinal, micro e pequenos negócios cooperam geram associações pujantes.

 

Livre concorrência e pequenos negócios em cheque

Afora as dificuldades geradas pelas questões econômicas, presenciamos uma profunda mudança no comportamento dos consumidores. A digitalização das relações comerciais acelerou a integração dos canais físicos e digitais.

O omnichannel foi implantado de forma acelerada e empírica. Porém, privilegiou as grandes organizações do comércio eletrônico.

Estudo inédito do panorama do comércio eletrônico em 2020, elaborado pela SEMrush e Web Estratégica – “Como os Brasileiros Compram Online” –, revela que apenas 17 marcas representam 85% do e-commerce brasileiro.

A maioria delas são plataformas de marketplace. Somados, Submarino, Americanas, Casas Bahia, Magazine Luiza, Amazon e Mercado Livre representam 71% da audiência entre os sites analisados.

A pandemia ampliou a dominação das megaorganizações, enfraqueceu a livre concorrência e os pequenos negócios. Mas também chamou a atenção para as nossas mazelas sociais e para o despreparo dos empreendedores. Em breve, teremos que enfrentar três desafios colossais, como:

  1. Lidar com os gigantes da Internet que irão usar toda sua estrutura para garantir e ampliar os seus monopólios e impor preços e padrões duvidosos de serviços;
  2. Incorporar no mercado de trabalho formal e de consumo os mais de 65 milhões de brasileiros que estão recebendo o auxílio emergencial. Destes, de acordo com estimativa do Sebrae, apenas de 3,6 milhões são Microempreendedores Individuais;
  3. Enfrentar a “queda de braço” entre quem gera riquezas para o País (indústria, comércio, serviços e agronegócio) e quem consume os recursos do Estado (corporações, burocratas e políticos populistas).

 

Como a cooperação pode combater a desigualdade social e econômica?

O quadro acima apresenta três frente que exigem a construção de soluções conjuntas para minimizar a tragédia causada pela contração de renda e de mercado. É neste clima que ganha força a coopetição, uma forma de competir e cooperar ao mesmo tempo, até com as empresas concorrentes.

Desse modo, unindo recursos e competências com outros empreendedores será possível alcançar objetivos que não seriam viáveis atuando de forma individual. Desta forma, a tendência de concentração patrocinada pelas grandes empresas e as corporações dos privilegiados certamente terão uma resposta. Qual seja, o surgimento de uma nova leva de empreendedores mais receptivos à cooperação e cientes do seu papel na sociedade. Certamente, surgirão novos modelos de negócios mais flexíveis, colaborativos, complementares e escaláveis, disposta a cooperar para criar e ampliar mercados. Estas organizações são inovadora em relação as empresas lineares tradicionais, que utilizam a estratégia da escassez, focada na reserva de mercado com poucos competidores.

 

O caminho a ser percorrido

Do mesmo modo, devem surgir negócios em rede com base tecnológica, altamente integrados e complementares, com estratégias nativas de multicanal. Em outras palavras, criados para atender as exigências de um consumidor mais consciente e exigente. Demonstrar o comprometimento das marcas com as pessoas, comunidade e meio ambiente certamente estarão entre as exigências.

Independente da classe social, a COVID 19 nos nivelou como seres humanos. Ao mesmo tempo, reavivou sentimentos nobres como a fraternidade, união e cooperação.

Em razão do que, a marginalização social e a exclusão de grande parte da população do mercado de trabalho formal exigirão respostas robustas. Estas devem visar a redução de uma das maiores chagas sociais do país, a desigualdade educacional, de renda e de oportunidades.

Porém, essa resposta passa por complexas negociações políticas entre estruturas desiguais. De um lado, a maioria da população, englobando trabalhadores e empreendedores. E, do outro, grupos muito poderosos, verdadeiras castas, representados pelos lobbies das corporações.

Os últimos são muito organizados e articulados. Enquanto o primeiro grupo é desorganizado e não conta com lideranças capazes de catalisar os seus interesses.

Um exemplo desta desigualdade é a estabilidade no emprego. Bem como, a garantia de remuneração integral, complementada por generosos benefícios em plena pandemia para alguns poucos vinculados aos poderosos.

Enquanto isso, os empreendedores se endividaram, ou até faliram, para honrar seus compromissos. Por sua vez, os trabalhadores tiveram a jornada e salário reduzidos, quando não sofreram o desprazer de amargar a extinção de suas vagas.

 

Cooperação:  a solução para a tragédia dos micro e pequenos negócios em uma nova realidade social

Definitivamente, o fortalecimento do associativismo empresarial passa pela qualificação e conscientização das lideranças em relação à sua responsabilidade como protagonistas na transformação dos setores que representam.

Para isso, se torna imprescindível que os micro e pequenos empreendedores tomem nas mãos o seu destino e assumam o protagonismo de sua história. Cooperar é um jeito de se portar. É buscar convergência, mesmo com correntes. Afinal, os problemas são comuns a todos.

Por exemplo: conquistar novos mercados, acessar grandes fornecedores ou novas tecnologias etc.

Não convém ir para o confronto. Nem mesmo delegar a representação às lideranças empresariais despreparadas, populistas ou com pouca representatividade. A pandemia expôs as nossas fragilidades e aumentou a tragédia social e econômica, especialmente nas pequenas e médias empresas.

Precisamos agir de forma inteligente e articulada. Liderados por pessoas capazes de colocar os interesses coletivos e de longo prazo do micro e pequenos negócios acima dos seus interesses individuais e de curto prazo.  Afinal, cooperar é jeito de portar, uma estratégia inteligente e que comprovadamente dá certo, até com os concorrentes. É a solução para a tragédia dos micro e pequenos negócios.

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